domingo, 22 de março de 2009





Um velho sábio chinês estava caminhando por um campo de neve, quando viu uma mulher chorando.
“Por que choras?”, perguntou ele.
“Porque me lembro do passado, da minha juventude, da beleza que via no espelho, dos homens que amei. Deus foi cruel comigo porque me deu memória. Ele sabia que eu ia sempre recordar a primavera de minha vida, e chorar”.
O sábio ficou contemplando o campo de neve, com o olhar fixo em determinado ponto. A certa altura, a mulher parou de chorar.
“O que estás vendo aí?”, perguntou.
“Um campo de rosas”, disse o sábio. “Deus foi generoso comigo porque me deu memória. Ele sabia que, no inverno, eu poderia sempre recordar a primavera, e sorrir”.






O grande mestre zen de Tofuku notou que o mosteiro estava em rebuliço. Noviços corriam de um lado para o outro, e empregados faziam fila para recepcionar alguém.
“O que está acontecendo?”, quis saber.
Antes que alguém pudesse responder, um soldado aproximou-se do mestre, e deu-lhe um cartão onde se lia: “Kitagaki, o governador de Kioto, acaba de chegar e pede uma audiência”.
“Não tenho nada a tratar com esta pessoa”, disse o mestre.
Minutos depois o governador se aproximou, pediu desculpas, riscou o cartão, e entregou-o de novo ao mestre.
Estava escrito: “Kitagaki acaba de chegar, e pede uma audiência”.
“Seja bem-vindo”, disse o mestre zen de Tofuku.




Um texto anônimo do século XVIII nos fala de um monge russo que procurava um guia espiritual. Um dia lhe disseram que - em certa aldeia - existia um ermitão, que se dedicava dia e noite à salvação de sua alma. Ouvindo isso, o monge foi procurar o santo homem.
” Quero que me guie nos caminhos da alma”, disse o monge.
“A alma tem seu caminho próprio, e o anjo a guia”, respondeu o ermitão. “Reze sem cessar”.
“Não sei rezar desta maneira. Quero que me ensine”.
“Se você não sabe rezar incessantemente, então reze pedindo a Deus que lhe ensine a rezar incessantemente”.
“O senhor não está me ensinando nada”, respondeu o monge.
“Não há nada que ensinar, porque não se pode transmitir fé como se transmite os conhecimentos de matemática. Siga seu caminho, aceite o mistério da fé, e o universo se revelará”.



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