domingo, 10 de maio de 2009

Pois é
O Brasil tem milhões de brasileiros que> gastam sua energia distribuindo> ressentimentos passivos.> >
Olham o escândalo na televisão e> exclamam 'que horror'.
> > Sabem do roubo do político> e falam 'que vergonha'.> Vêem a fila de aposentados> ao sol e comentam 'que absurdo'.
> > Assistem a uma quase pornografia> no programa dominical de televisão> e dizem 'que baixaria'.> Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo'. E pronto!> Pois acho que precisamos de uma transição 'neste país'.> Do ressentimento passivo à participação ativa'.
> > Pois recentemente estive em Porto Alegre,> onde pude apreciar atitudes com as quais> não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.> Um regionalismo que simplesmente não> existe na São Paulo que, sendo de> todos, não é de ninguém. No Rio Grande do Sul,> palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
> > Abriram com o Hino Nacional.
> > Todos em pé, cantando.> Em seguida, o apresentador> anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul.> > Fiquei curioso. Como seria o hino?
> > Começa a tocar e, para minha surpresa,> todo mundo cantando a letra!> 'Como a aurora precursora /> do farol da divindade, /> foi o vinte de setembro /> o precursor da liberdade.
> > Em seguida um casal, sentado do meu lado,> prepara um chimarrão.
> > Com garrafa de água quente e tudo.> > E oferece aos que estão em volta.> > Durante o evento, a cuia passa de> mão em mão, até para mim eles oferecem.> E eu fico pasmo. Todos colocando a boca> na bomba, mesmo pessoas que não se> conhecem. Aquilo cria um espírito de> comunidade ao qual eu, paulista,> não estou acostumado.
> > Desde que saí de Bauru,> nos anos setenta, não sei mais o que é 'comunidade'.> Fiquei imaginando quem é que sabe cantar> o hino de São Paulo.
> > Aliás, você sabia que> São Paulo tem hino? Pois é...> Foi então que me deu um estalo.
> > Sabe como é que os 'ressentimentos passivos'> se transformarão em participação ativa?
> > De onde virá o grito de 'basta' contra> os escândalos, a corrupção e o deboche> que tomaram conta do Brasil?> De São Paulo é que não será.
> > Esse grito exige consciência coletiva,> algo que há muito não existe em São Paulo.> Os paulistas perderam a capacidade> de mobilização. Não têm mais interesse> por sair às ruas contra a corrupção.
> > São Paulo é um grande campo de refugiados,> sem personalidade, sem cultura própria, sem 'liga'.> Cada um por si e o todo que se dane.
> > E isso é até compreensível numa> cidade com 12 milhões de habitantes.
> > Penso que o grito - se vier - só poderá> partir das comunidades que ainda têm> essa 'liga'. A mesma que eu vi em Porto Alegre.> Algo me diz que mais uma vez os gaúchos> é que levantarão a bandeira. Que buscarão> em suas raízes a indignação que não se> encontra mais em São Paulo.
> > Que venham, pois. Com orgulho> me juntarei a eles.> De minha parte, eu> acrescentaria, ainda:
> > '...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'

> > > Arnaldo Jabor

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