
Canção para mulheres
Trecho de uma crônica de Lya Luft
Que o outro saiba quando estou com medo e me
tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Trecho de uma crônica de Lya Luft
Que o outro saiba quando estou com medo e me
tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá
embora batendo a porta, mas entenda que não o
amarei menos se precisar ficar um pouco quieta.
embora batendo a porta, mas entenda que não o
amarei menos se precisar ficar um pouco quieta.
Que, se estou apenas cansada, o outro não pense logo que estou
nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda e ouse ficar
comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida, não
porque lá está a sua verdade, mas talvez por culpa ou acomodação.
comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida, não
porque lá está a sua verdade, mas talvez por culpa ou acomodação.
Que, se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles,
o outro não desconfie logo de que é culpa dele,
ou que não o amo mais.
o outro não desconfie logo de que é culpa dele,
ou que não o amo mais.
Que, se estou numa fase ruim, o outro seja meu cúmplice,
mas sem fazer alarde, nem dizendo: "olha que estou tendo
muita paciência com você".
mas sem fazer alarde, nem dizendo: "olha que estou tendo
muita paciência com você".
Que, se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a
despreze nem me chame de ingênua, nem queira fechar
essa porta necessária que se abre para mim, por mais
tola que lhe pareça.
despreze nem me chame de ingênua, nem queira fechar
essa porta necessária que se abre para mim, por mais
tola que lhe pareça.
Que, se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça
e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda
e me admire.
e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda
e me admire.
Que o outro - filho, amigo, amante, marido -
não me considere sempre disponível, sempre necessariamente
compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser
nada disso.
não me considere sempre disponível, sempre necessariamente
compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser
nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que embora às
vezes me esforce, não sou nem devo ser a mulher-maravilha,
mas apenas uma pessoa vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa ... uma mulher!
vezes me esforce, não sou nem devo ser a mulher-maravilha,
mas apenas uma pessoa vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa ... uma mulher!
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